O homem e o vício da impureza

O homem e o vício da impureza

O homem e o vício da impureza

16º Domingo depois de Pentecostes

Meditação para a Tarde do mesmo dia

Sumário. O hidrópico de que fala o Evangelho é figura do libidinoso, por duas razões. Primeiro, assim como o hidrópico, quanto mais bebe, mais sede tem, assim o desonesto nunca se sacia de pecar. Segundo, porque a impureza, por causa da cegueira de espírito e do endurecimento da vontade que acarreta, é tão incurável como a hidropisia. Infeliz do que se deixa dominar por este vício! Todavia não desespere, visto que para Deus nada é impossível.

I. Todos os enfermos cuja cura milagrosa por Jesus Cristo os evangelistas referem, representam algum mistério. Assim bem se pode dizer que o hidrópico de que fala São Lucas no Evangelho de hoje é uma figura do homem libidinoso. Sim, diz Santo Tomás de Vilanova, porque assim como o hidrópico, quanto mais bebe, mais a sede se lhe aumenta, assim o escravo do maldito vício da desonestidade jamais se sacia de pecar. – Se, pois, de todos os pecados já se pode dizer que, uma vez entrados na alma, nunca ficam muito tempo a sós, isto é muito mais aplicável ao pecado da impureza.

Um blasfemo não blasfema sempre, mas somente quando se encoleriza. Um ladrão não rouba todos os dias, mas somente quando se lhe oferece a ocasião. Mas o desonesto é uma torrente contínua de pecados, de pensamentos, de palavras, de vistas, de deleitações, de maneira que, quando se vai confessar, não pode explicar o número de pecados que cometeu. – Numa palavra, São Cipriano escreve que por este vício o demônio triunfa de todo o homem: do corpo, da alma e de todas as faculdades – Totum hominem agit in triumphum libidinis. A razão disto é porque nesta espécie de pecado é tão fácil tomar um mau hábito, que leva a pecar a natureza já corrompida.

Demais, o pecado desonesto arrasta as mais das vezes a outros crimes; tais como a difamação, o furto, a mentira, o ódio, a ostentação do mesmo vício e especialmente o escândalo, excitando e arrastando os outros a cometê-lo ou ao menos a cometê-lo com menos horror. Ó céus! Que mar imenso de pecados! Se um só pecado mortal é suficiente para condenar o homem ao inferno, qual será o inferno do desonesto que comete e faz cometer tão grande número de pecados?

II. Ainda sob outro ponto de vista a hidropisia é figura da impureza. Porque acarretando esta mais do que qualquer outro vício a cegueira do espírito e a obstinação da vontade, segue-se que é tão difícil a conversão de um desonesto, como é difícil a cura de um hidrópico. – fornicatio, et vinum, et ebrietas auferunt cor – “A desonestidade, o vinho e a embriaguez tiram os bons sentimentos”, diz o Senhor pela boca do profeta Oséas (1). Quer dizer que este vício, à semelhança do vinho, faz perder a razão.

Por isso o mesmo profeta afirma com razão que aos obscenos nem sequer se lhes ocorre a ideia de se converterem para Deus (2), ou, se porventura lhes ocorre, com malícia diabólica se obstinam a volver-se, quais animais imundos, no lodo da impureza. – São Jerônimo chega a dizer que, quando o vício desonesto chegou a ser habitual em alguma pessoa, de ordinário somente termina quando o desgraçado é lançado no inferno para arder no fogo: O ignis infernalis luxuria… cuius finis gehenna!

Meu irmão, lança um olhar em tua consciência, e se, como espero, a achas pura, rende graças a Deus, e fica humilde; porque o Senhor muitas vezes castiga os orgulhosos, permitindo que caiam em algum pecado impuro. – se, porventura, te achasses réu de pecados, não desesperes, pois que para Deus nada é difícil. É, porém, necessário que, resolvido a curar-te dos teus males, imites o hidrópico do Evangelho, pondo-te diante de Jesus Cristo, na pessoa do padre, seu ministro.

Faze, portanto, uma boa confissão geral de todos os teus pecados e emprega os meios que o confessor te prescrever. Sobretudo deves rogar ao Senhor que “a sua graça te previna sempre, te acompanhe, e te afervore na contínua prática das boas obras” (3). Invoca também a Virgem Santíssima, que é a Mãe da pureza e dize-lhe com confiança: † “Ó Virgem Mãe, que nunca fostes manchada por pecado algum, nem atual, nem original, recomendo-vos e confio-vos a pureza do meu coração.” (4) Referências:

(1) Os 4, 11 (2) Os 5, 4 (3) Or. Dom. curr. (4) Indulgência de 100 dias.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 97-99)

Ver todas as meditações

Produtos recomendados:

Compartilhe esta meditação:

Vestido midi godê total grafite flores
Saia midi evasê branca rosas e bolinhas
Vestido longo evasê preto buquê de flores
Saia primavera plissada midi
Vestido midi evasê manga flare preto
Saia midi plissada bege florida
Saia midi godê total bege rosas
Saia midi godê total verde folhas e flores
Saia midi godê cinza com botões
Vestido midi godê total branco listras e rosas
Saia midi verde seco com cinto e bolsos
Saia midi evasê com botões