Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Impleti sunt dies ut pareret (Maria); et peperit fikium suum primogenitum – Completaram-se os dias em que (Maria) devia dar à luz; e deu à luz o seu filho primogênito (Lc 2,6)
Sumário. Imaginemos ver a Jesus já nascido na gruta de Belém, e ouvir os anjos cantar glória a Deus e paz aos homens de boa vontade. Quais devem ter sido os sentimentos que então se despertaram no coração de Maria, ao ver o Verbo divino feito seu filho! Qual a devoção e ternura de São José ao apertar contra o coração o santo Menino! Unamos os nossos afetos com os desses grandes personagens.
I. Quando Maria Santíssima entrou na gruta, pôs-se logo em oração. De súbito vê uma refulgente luz, sente no coração um gozo celestial, abaixo os olhos, e, ó Deus! Que vê? Vê já diante de si o Menino Jesus, tão belo e tão amável, que eleva os corações. Mas treme e chora; segundo a revelação feita a Santa Brigida, estendia as mãozinhas para dar a entender que deseja que Maria o tome nos braços. Maria, no auge de santa alegria, chama José. – Vem, ó José, disse ela, vem e vê, pois já nasceu o Filho de Deus. – Aproxima-se José, e vendo Jesus nascido, adora-o por entre uma torrente de doces lágrimas.
Em seguida, a santa virgem, movida de compaixão maternal, levanta com respeito o amado Filho, e conforme a já citada revelação, faz por aquecê-lo com o calor de seu rosto e do seu peito. Tendo-o no colo, adora o divino Menino como seu Deus, beija-lhe os pés como a seu Rei, e beija-lhe o rosto como a seu Filho e procura depressa cobri-lo e envolvê-lo nas mantilhas. Mas ai, como são ásperos e grosseiros os paninhos! Além disso, são frios e úmidos, e naquela gruta não há lume para aquentá-los.
Consideremos aqui os sentimentos que surgiram no coração de Maria, quando viu o Verbo divino reduzido por amor dos homens a tão extrema pobreza. Contemplemos a devoção e a ternura que ela experimentou quando apertava o Filho de Deus, já feito seu filho, contra o coração. Unamos os nossos afetos aos de tão boa Mãe e roguemos a Deus Pai “que o novo nascimento do seu Unigênito feito homem, nos livre do antigo cativeiro, em que nos tem o jugo do pecado (1)”.
II. Jesus nasceu! Vinde, ó reis, príncipes e todos os homens da terra, vinde adorar o vosso Rei. Mas quem é que se apresenta?… Ah! O Filho de Deus veio ao mundo, e o mundo não o quis conhecer. Porém, se não veem os homens, veem ao menos os anjos adorar o seu Senhor, e cantam jubilosos: Gloria in altissimis Deo, et in terra pax hominibus bonae voluntatis (2) – Glória a Deus nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade. Glória à divina Misericórdia, que, em vez de castigar os homens rebeldes, fez o próprio Deus tomar o castigo sobre si, e assim os salvou. Glória à divina Sabedoria, que achou meio de satisfazer à Justiça, e ao mesmo tempo, de livrar o homem da morte merecida. Glória ao divino Poder, que de um modo tão admirável venceu as forças do inferno. Glória finalmente ao divino Amor, que induziu um Deus a fazer-se homem e a levar uma vida tão pobre, humilde e penosa. – Meu irmão, unamos as nossas adorações às dos anjos e digamos com a nossa santa Madre Igreja:
Gloria in excelsis Deo! Glória a Deus nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade. Nós Vos louvamos, Vos bendizemos, Vos adoramos, Vos glorificamos. Graças Vos damos por vossa grande glória, Senhor Deus, Rei do céu, Deus Pai todo-poderoso. Ó Senhor, Filho unigênito de Deus, Jesus Cristo, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai: Vós, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós. Vós, que tirais os pecados do mundo, aceite as nossas súplicas. Vós, que estais sentado à mão direita do Pai, tende piedade de nós. Porque só Vós, ó Jesus Cristo, sois Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, com o Santo Espírito, na glória de Deus Pai. Assim seja. (3)
Referências: (1) Or. fest. (2) Lc 2, 14 (3) Miss. Rom.
OBS: Santo Afonso indulgenciou esta Novena da seguinte forma: para cada dia da Novena, recebemos Indulgência de 300 dias. Para o dia do Natal ou num dia da Oitava, recebemos Indulgência Plenária se fizermos e cumprirmos as obras prescritas da Confissão e da Comunhão.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 76-79)
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