Festa dos Santos Anjos da Guarda

Festa dos Santos Anjos da Guarda

Festa dos Santos Anjos da Guarda

Angelis suis mandavit de te, ut custodiant te in omnibus viis tuis — “Mandou os seus anjos junto de ti, para que te guardem em todos os teus caminhos” (Sl 90, 11).

Sumário. Avivemos a nossa fé e lembremo-nos de que temos continuamente ao nosso lado um anjo, que nos ama sem sombra de interesse, e sempre está solícito por nós. Este príncipe celeste assiste-nos em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as tribulações, e nem sequer nos abandona quando nos revoltamos contra Deus. É, pois, dever nosso honrarmo-lo pela nossa reverência, devoção e confiança. Mas, infelizmente, quantos há que vivem completamente esquecidos dele, e o obrigam pelos seus pecados infames a cobrir o rosto!

I. Diz São Bernardo que de três modos devemos honrar os santos anjos da guarda: pela reverência, pela devoção e pela confiança. Pela reverência; pois que estes santos espíritos e príncipes celestes estão sempre conosco e nos assistem em todas as nossas ações. Por isso que em atenção ao nosso anjo da guarda devemo-nos abster de toda a ação que desagrade aos seus olhos. Santa Francisca Romana via que o anjo que a acompanhava em figura humana cobria o rosto cada vez que observava em alguma das pessoas presentes uma ação ou palavra desordenada. Ah, meu santo anjo da guarda, quantas vezes pelos meus pecados vos fiz cobrir o rosto! Peço-vos perdão e suplico-vos mo alcanceis também de Deus; proponho nunca mais desgostar a Deus nem a vós, pelas minhas culpas.

Em segundo lugar, devemos honrá-lo pela nossa devoção; por causa do respeito de que é digno e do amor que nos tem. Nenhum afeto de pai, de irmão ou de amigo pode igualar o amor que nos terá o anjo da guarda. Os amigos do mundo muitas vezes nos amam por interesse, e por isso facilmente se esquecem de nós no tempo das aflições, e muito mais quando os ofendemos. O nosso anjo da guarda ama-nos unicamente por dedicação; eis porque nos assiste mais ainda nas tribulações e não nos abandona, nem sequer quando nos revoltamos contra Deus. Procura então iluminar-nos, a fim de que pelo arrependimento voltemos logo a Deus.

Ó! Quanto vos devo, ó meu bom anjo da guarda, pelas luzes que me haveis comunicado I Oxalá vos tivesse sempre obedecido! Continuai a esclarecer-me; repreendei- me quando cair, e não me abandoneis até ao derradeiro instante da minha vida.

II. Em terceiro lugar, devemos ter grande confiança no auxílio do nosso anjo da guarda. O amor do nosso Deus não se contentou com dar-nos seu Filho Jesus por nosso Redentor, e a Virgem Maria por nossa advogada, quis dar-nos também os seus anjos por nossas guardas, e lhes mandou que nos assistam em toda a nossa vida: “Mandou aos seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos”.

Ó Deus de infinita misericórdia, que pudestes fazer mais para assegurar a minha salvação? Agradeço-Vos, ó meu Senhor. A Vós também, ó príncipe do paraíso, o me haverdes assistido durante tantos anos, apesar da minha pouca fidelidade e do meu pouco proveito. Eu vos esqueci; mas vós nunca deixastes de pensar em mim. Perdoai-me, meu bom anjo, doravante não será mais assim. Proponho de hoje em diante consagrar-vos particular devoção. Quem sabe o caminho que me resta ainda a percorrer antes de entrar na eternidade? Fortalecei a minha fraqueza e continuai a proteger-me, a fim de que sempre vos seja fiel.

“Anjo de Deus, que por benefício da divina Providência sois meu guarda, esclarecei-me, protegei-me, dirigi-me e governai-me. Assim seja” (1). “Deus onipotente e eterno, que, por efeito da vossa inefável Providência, Vos dignastes designar um dos vossos santos anjos por meu guarda, concedei-me propício que seja sempre defendido pela sua proteção e possa ir um dia gozar, no céu, da sua eterna companhia” (2). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências: (1) Indulgência de 100 dias cada vez. (2) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 370-372)

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