Desejo de Jesus de sofrer por nós

Desejo de Jesus de sofrer por nós

Desejo de Jesus de sofrer por nós

Baptismo habeo baptizari: et quomodo coarctor, usque dum perficiatur? – “Tenho de ser batizado com um batismo: e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra” (Lc 12, 50)

Sumário. Sendo o sofrimento suportado pela pessoa amada a prova mais patente do amor, e o que mais cativa o amor da pessoa amada, nosso Senhor suspirou em todo o correr de sua vida pelo dia em que havia de ser batizado com o seu próprio sangue. Na véspera da sua Paixão foi ele mesmo ao encontro dos seus inimigos, como se viessem para o levarem, não ao suplício, mas à posse de um grande reino. Ó amor imenso de Jesus! E todavia, este amor é tão mal correspondido pela maior parte dos homens!

I. É excessivamente terna, amorosa e constrangedora a declaração que o nosso Redentor fez acerca dos motivos da sua vinda à terra, quando disse que tinha vindo para acender nas almas o fogo do divino amor, e que tinha o vivíssimo desejo de ver esta santa chama acender-se em todos os corações dos homens: Ignem veni mittere in terram, et quid volo nisi ut accendatur? (1)

E porque o padecer pela pessoa amada patenteia melhor o amor do objeto amado, Jesus Cristo logo em seguida acrescentou que esperava ser batizado com o batismo do seu próprio sangue, afim de lavar os nossos pecados, pelos quais tinha vindo satisfazer com as suas penas: Baptismo habeo baptizari. Para nos fazer compreender todo o ardor do desejo que tinha de morrer por nós, disse, com as mais doces expressões de amor, que experimentava vivas ânsias pela chegada do tempo em que devia cumprir-se a sua Paixão: Et quomodo coarctor usque dum perficiatur!

Mas ouçamos o que disse o Senhor na noite bem-aventurada que precedeu a sua Paixão, na véspera de ser sacrificado sobre o altar da cruz: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco” – Desiderio desideravi hoc pascha manducare vobiscum (2). São Lourenço Justiniano, meditando nestas palavras, diz que elas foram todas expressões de amor. É como se nosso amável Redentor tivesse dito: Homens, sabei que esta noite começará a minha paixão e o tempo de minha vida pelo qual tenho suspirado mais, porque é agora que pelos meus padecimentos e pela minha morte cruel vos farei conhecer quanto vos amo, e assim vos obrigarei, o mais que me é possível, a me amardes. – Um autor diz que na Paixão de Jesus a onipotência divina se uniu com o amor. O amor quis amar o homem com toda a extensão da onipotência e a onipotência quis secundar o amor em toda a extensão de seu desejo.

II. O desejo que tinha Jesus de sofrer por nós foi tão grande que, na noite que precedeu a sua morte, não somente foi por sua livre vontade ao horto, onde sabia que os judeus haviam de o vir prender; mas ainda, sabendo que o traidor Judas se aproximava acompanhado dos soldados, disse a seus discípulos: Levantai-vos, vamos; eis aí que se aproxima o que me entregará: Surgite; eamus: ecce qui me tradet, prope est (3).

Estando já pregado na cruz, Jesus disse que tinha sede: Sitio. Com esta palavra, na explicação de Santo Tomás com São Lourenço Justiniano, nosso divino Salvador quis manifestar-nos menos a sede do seu corpo, que o desejo que tinha de padecer por nós, mostrando-nos por tantos sofrimentos o seu amor, juntamente com o desejo de ser amado por nós.

Ó Deus, abrasado em amor pelos homens, que podíeis dizer e fazer mais, para me por na necessidade de Vos amar? E que vantagem podia trazer-Vos o meu amor, se para o obter quisestes morrer e tanto suspirastes pela vossa morte? Se um dos meus servos houvesse somente desejado morrer por mim, teria ele adquirido o meu amor; e poderei viver sem Vos amar de todo o meu coração, a Vós, meu Rei e meu Deus, que morrestes por mim, e tanto desejastes morrer a fim de conquistar o meu amor?

Ó meu amabilíssimo Redentor, não quero mais resistir às finezas do vosso amor; eu Vos dou todo o meu amor. Entre todas as coisas, Vós sois e haveis de ser sempre o único bem amado de minha alma. Vós vos fizestes homem para terdes uma vida a dar por mim; eu queria ter mil vidas a sacrificar por Vós. Amo-Vos, bondade infinita, e quero amar-Vos com todas as minhas forças. Quero fazer tudo quanto possa para Vos agradar. Fortalecei, ó meu Jesus, este desejo que Vós mesmo me inspirais. Fazei-o pelo amor da vossa e minha querida Mãe, Maria.

Referências:

(1) Lc 12, 49 (2) Lc 22, 15 (3) Mc 24, 52

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 280-283)

Ver todas as meditações

Produtos recomendados:

Compartilhe esta meditação:

Vestido longo branco flores e arabescos
Vestido midi evasê manga flare marinho
Saia longa evasê franzida mostarda floral
Vestido longuete godê preto floral
Vestido midi godê terracota
Vestido midi evasê bege manga godê
Vestido midi infantil Filomena preto
Saia midi godê preta flores
Vestido midi bege com cinto
Saia longa evasê vinho quadriculada
Vestido lumine rosa antigo
Saia midi godê total rosê