O que é a Santa Missa?
A Santa Missa é a renovação e a re-presentação [234] do Sacrifício da Cruz. Por intermédio do padre, Cristo oferece ao Pai, de maneira incruenta; isto é, não sangrenta, Seu Corpo e Seu Sangue, que havia imolado de modo cruento; isto é, sangrento, na Cruz.
A Missa é, pois, um verdadeiro Sacrifício, pelo qual os méritos do Sacrifício da Cruz nos são aplicados.
Onde se pode encontrar o ensinamento da Igreja?
O Concílio de Trento ensina:
“Na Última Ceia, “a noite quando fora entregue”(1Cor 11,23), Cristo quis deixar à Igreja, Sua Esposa bem-amada, um Sacrifício visível (como convém à natureza humana), pelo qual o Sacrifício cruento, que devia cumprir-se uma vez por todas sobre a Cruz, seria tornado presente e comemorado [235] até o fim dos tempos, e teria sua virtude salvífica aplicada para a remissão dos pecados que cometemos a cada dia; por isso, (...) ofereceu, a Deus Pai, Seu Corpo e Seu Sangue, sob as espécies do pão e do vinho.” [236]
É correto que a Missa seja verdadeiramente um sacrifício em sentido próprio?
O Concílio de Trento é formal:
“Aquele que disser que, na Missa, não é oferecido a Deus um sacrifício verdadeiro e real (...); seja anátema!” [237]
O mesmo Concílio declarou que, por Suas palavras: “Fazei isto em memória de Mim”, Cristo deu aos Apóstolos o Sacerdócio e o poder de celebrar este Sacrifício. [238]
Qual é precisamente a relação entre o Sacrifício da Missa e o da Cruz?
O Sacrifício da Missa tem a mesma vítima, o mesmo sacerdote e as mesmas intenções do da Cruz. É o mesmo Sacrifício; mas oferecido de uma maneira diferente. [239]
Qual é a vítima do Sacrifício da Missa?
Nosso Senhor Jesus Cristo é a vítima do Sacrifício da Missa, como também do da Cruz. É Ele que é essencialmente oferecido na Missa, e não o pão e o vinho (que cessam de existir na Consagração).
Pode-se dizer que Nosso Senhor está presente na Santa Eucaristia enquanto vítima?
Sim, é enquanto vítima que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente na Santa Eucaristia.
Como Nosso Senhor, cujo Corpo é, doravante, glorioso, pode estar presente em estado de vítima?
Nosso Senhor está em estado de vítima na Santa Eucaristia, porque o Seu Corpo e o Seu Sangue, nela, são sacramentalmente separados, e, porque esta separação sacramental tem por objetivo representar a separação física realizada pela Paixão.
Nosso Senhor não está, entretanto, presente todo inteiro – com Seu Corpo, Seu Sangue, Sua Alma e Sua Divindade – tanto sob as aparências do pão quanto sob as do vinho?
Nosso Senhor Jesus Cristo estando, hoje, vivo (ressuscitado e glorioso); a presença de Seu Corpo ou de Seu Sangue implica, necessariamente, a de toda Sua Pessoa (Corpo, Sangue, Alma e Divindade).
Seu Corpo e Seu Sangue não podem mais estar fisicamente separados. E, todavia, em si, por força das palavras consecratórias, é o Corpo que se torna presente sob as aparências do pão, e o Sangue, sob as do vinho.
O Corpo e o Sangue de Cristo estão, então, de um certo modo, separados pelo Sacramento (por causa da dupla Consagração).
Essa separação sacramental do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo constitui uma imolação?
A separação sacramental do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor constitui uma imolação, enquanto representa a separação física que aconteceu durante Sua Paixão, e enquanto, por vontade de Nosso Salvador, aplica os frutos desta.
Há então na Missa uma imolação mesmo?
Há, na Missa, uma imolação; mas sacramental. O Concílio de Trento afirma que, na Missa, Cristo “está contido e imolado de forma não sangrenta” [240]
Qual é o sacerdote do Sacrifício da Missa?
O verdadeiro sacerdote do Sacrifício da Missa é, como sobre a Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo. A única diferença é que Cristo ofereceu-Se a Si mesmo sobre a Cruz; enquanto que se serve, na Missa, de um sacerdote humano, que age como instrumento de Cristo.
Quais são as intenções do Sacrifício da Missa?
Assim como o Sacrifício da Cruz, o Sacrifício da Missa é oferecido por Nosso Senhor em quatro grandes intenções: adorar a Deus, agradecer-lhe por Suas bênçãos; reparar as ofensas que Lhe foram feitas (neste último sentido, o Sacrifício é dito propiciatório ou satisfativo), e obter Suas Graças para os homens.
Em que o Sacrifício da Missa é oferecido de modo diferente do da Cruz?
Sobre a Cruz, Cristo imolou-Se de modo cruento, isto é, sangrento; na Missa, Cristo o faz de modo incruento, isto é, não sangrento.
Essa doutrina é a dos Padres da Igreja?
Santo Agostinho ensina:
“Cristo foi imolado uma só vez em Si mesmo; e, todavia, é imolado, todos os dias, no Sacramento”. [241]
E Santo Ambrósio:
“Do mesmo modo que, com efeito, por toda parte, é oferecido um único Corpo [de Cristo] e não vários; assim também um único Sacrifício.” [242]
Notas:
[233] Traduzido do francês “re-présentation”. [nota da tradução brasileira]
[234] Traduzido do francês “re-présentation”. [nota da tradução brasileira]
[235] Lembremos que na linguagem litúrgica, a palavra “comemoração” não tem o sentido de festejo jubiloso. Na Liturgia, por exemplo, o dia 02 de novembro é chamado de “Comemoração dos Fiéis Defuntos”. Existe uma forte esperança sobrenatural, sem remover o recolhimento maior, o respeito mais solene e, mesmo, o luto próprios da ocasião. [nota da tradução brasileira].
[236] Concílio de Trento, 22ª sessão, capítulo 1; DS 1740.
[237] Ibid, can. 1; DS 1751.
[238] DS 1740.
[239] DS 1743.
[240] DS 1743. Ver também DS 1741.
[241] Santo Agostinho, citado por Santo Tomás de Aquino em III, a.83, q.1.
[242] Texto atribuído a Santo Ambrósio, citado por Santo Tomás de Aquino em III, a.83, q.1 ad.1. “Sicut enim quod ubique offertur unum est corpus et non multa; ita et unum sacrificium”.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
A Missa Tridentina consiste na celebração da Santa Missa segundo o rito promulgado pelo Papa São Pio V no ano 1570 por meio da Bula Quo Primum Tempore. A Missa de São Pio V tem suas origens nas mais antigas tradições apostólicas e alimentou a alma dos santos mais importantes da história da Igreja durante vários séculos.
Este rito provém visivelmente do coração de nossa Santa Madre Igreja e é o fruto de uma longa tradição. Expressa santamente a doutrina católica do Santo Sacrifício da Missa e foi canonizado por São Pio V definitivamente. Ele o estabeleceu como a maneira oficial de rezar a Santa Missa, válida para todos os padres de rito romano de todos os tempos. Disponível em: https://lareja.fsspx.org/pt/missa-tridentina
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