O ecumenismo e suas consequências desastrosas
As consequências do ecumenismo são a indiferença religiosa e a ruína das missões. É hoje uma opinião geralmente difundida entre os meios católicos que alguém se pode salvar muito bem em qualquer religião.
O apostolado missionário então não tem mais nenhum sentido, e acontece mesmo, com frequência, que se recuse receber na Igreja membros de outras religiões, que, entretanto, pedem para sê-lo.
A atividade missionária se tornou uma ajuda no desenvolvimento. Isso está em flagrante oposição à ordem de Nosso Senhor:
“Ide, ensinai a todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e ensinai-lhes a observar tudo o que vos ordenei.” (Mt 28,19).
Podeis então citar um exemplo desta atual recusa em converter os não-católicos?
Um exemplo inconcebível deste ecumenismo é a Declaração de Ballamand, assinada em 23 de junho de 1993, em conclusão de uma reunião entre católicos e “ortodoxos”. [233]
Em qual contexto aconteceu essa reunião de Ballamand?
É necessário saber que, desde o cisma grego, várias partes da Igreja oriental se reuniram, de novo, a Roma. Sempre guardando o rito oriental, estas reconheceram o Primado do Pontífice, como fazia, antes do cisma, toda a Igreja do Oriente.
Essas Igrejas católicas orientais conheceram uma grande expansão depois das mudanças políticas acontecidas na União Soviética (muitos dos “ortodoxos”, com efeito, só estavam no cisma, por causa da pressão exterior e aspiravam a se reunirem à Sé de Pedro).
Compreende-se a cólera das autoridades “ortodoxas”, que ameaçaram romper relações ecumênicas. A Conferência de Ballamand foi, de fato, uma tentativa de salvar o ecumenismo.
O que dizem os acordos de Ballamand?
No número oito da declaração, as Igrejas orientais católicas são chamadas de “uma fonte de conflitos e de sofrimentos”. Afirma-se que é para justificar seu “proselitismo” – isto é, seus esforços para trazer de volta os cismáticos à unidade católica – que a “Igreja católica desenvolveu a visão teológica segundo a qual se apresentava a Si mesma como a única depositária da salvação” (nº 10 da declaração).
Em outras palavras, o ensinamento constante da Igreja, segundo o qual todos os cristãos devem estar unidos ao Papa, Pastor Supremo, é nivelado a uma simples opinião teológica que teria sido inventada para justificar interesses egoístas.
Como os acordos de Ballamand concebem as relações entre a Igreja Católica e os cismáticos?
As igrejas cismáticas orientais são consideradas, doravante, como irmãs da Igreja Católica:
“A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa se reconhecem mutuamente como Igrejas-irmãs. (...) Conforme as palavras do Papa João Paulo II, o esforço ecumênico das Igrejas-irmãs do Oriente e do Ocidente, fundado no diálogo e na oração, busca uma comunhão perfeita e total, que não seja nem absorção, nem fusão; mas encontro na verdade e no amor.” (cf. Slavorum apostoli, 27) [nº 14 da declaração de Ballamand].
Quais são as conseqüências práticas desses acordos de Ballamand?
A Igreja Católica renuncia, expressamente, a tentar converter os cismáticos orientais (nº 12 da declaração). Ela se proíbe mesmo de criar estruturas católicas contra a vontade dos “ortodoxos”, lá onde Ela não estiver atualmente (nº 29 da declaração). E a declaração conclui:
“Excluindo para o futuro todo proselitismo e toda vontade de expansão dos católicos em detrimento da Igreja Ortodoxa, a Comissão espera que tenha suprimido o obstáculo que estimulou algumas Igrejas autocéfalas a suspender sua participação no diálogo teológico.” (nº 35)
Como se podem resumir os Acordos de Ballamand?
Em suma, as Igrejas orientais católicas são consideradas como um obstáculo ao ecumenismo. Já que, infelizmente, estas existem, é preciso, ao menos, proibir-lhes o desenvolvimento.
É uma traição para com todos os cristãos que, durante séculos, suportaram grandes sofrimentos e, mesmo, o martírio, para permanecerem fiéis à Sé de Pedro. Sacrificam-se seus próprios irmãos unicamente para que o diálogo ecumênico não venha a se estagnar.
Que consideração prática pode-se trazer sobre o diálogo ecumênico em geral?
Definitivamente, o diálogo ecumênico leva sempre, ao prejuízo, a Igreja Católica. É sempre Ela que recua e cede, enquanto que as outras confissões e religiões se regozijam das concessões da Igreja, sem para tanto darem, elas mesmas, nenhum passo para a Verdade.
O ecumenismo não é uma exigência da caridade fraterna?
O ecumenismo, tal como é pregado por Vaticano II, não é uma exigência da caridade fraterna; mas um crime cometido contra esta. O verdadeiro amor exige, com efeito, que se deseje e que se faça o bem ao próximo. Em matéria religiosa, isso quer dizer conduzir seu próximo à Verdade.
É, pois, um sinal de verdadeiro amor o que davam os missionários, abandonando pátria e amigos, para pregarem Cristo em país estrangeiro, em meio a perigos e fadigas indizíveis. Muitos deram a própria vida, falecidos por causa da doença ou da violência.
O ecumenismo, ao contrário, deixa os homens em suas falsas religiões; e mesmo, nelas os endurece. Abandona-os, pois, ao erro e ao imenso perigo da condenação eterna. Se essa atitude é mais confortável do que o apostolado missionário, não é precisamente um sinal de caridade; mas sim de preguiça, de indiferença e de respeito humano.
Os teólogos ecumênicos agem como os médicos que estimulam uma pessoa gravemente doente em suas ilusões, em vez de adverti-la sobre a gravidade de seu estado e curá-la.
Notas:
[233] O texto foi tornado público em 15 de julho de 1993 pelo Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. DC nº 2077 (1993), p. 711-714.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
Papa polonês deu importantes passos no ecumenismo buscando restabelecer a unidade entre os cristãos. “Desde o começo de meu pontificado, fiz do ecumenismo a prioridade de minha preocupação e ação pastoral”, afirmou João Paulo II em 1989 em discurso realizado na Cerimônia de Boas-Vindas, em Oslo, Noruega. A frase do Papa polonês indica um pontificado rico em atos, textos e iniciativas no campo ecumênico. Um dos principais fatos foi a publicação da Carta Encíclica Ut unun sint. O documento publicado em 25 de Maio de 1995 caracteriza os esforços de João Paulo II para colocar em prática o desejo do Concílio Vaticano II, em restaurar a unidade entre todos os cristãos, como destaca o Decreto Unitatis Redintegratio, assinado por Paulo VI em 1964. [1]
Referências:
[1] Portal de notícias da Canção Nova. 22-04-2014. Disponível em: https://noticias.cancaonova.com/especiais/canonizacao-joao-paulo-ii-e-joaoxxiii/o-ecumenismo-no-pontificado-de-joao-paulo-ii/
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