A fé é um sentimento religioso?
É um dos erros do Modernismo, condenado por São Pio X, em 1907, na encíclica Pascendi, dizer que a Fé é um sentimento, emergente do subconsciente, que exprime a necessidade do divino.
Na verdade, o ato de fé não é um sentimento, mas a recepção consciente e voluntária da Revelação Divina, tal como esta se apresenta ao homem na Sagrada Escritura e na Tradição.
O que é a Revelação para os modernistas?
Para os modernistas, a Revelação se produz quando o sentimento religioso passa da esfera do subconsciente àquela da consciência. A Fé só seria então algo sentimental e subjetivo. A Revelação não seria dada do exterior (do Alto), mas emergiria do interior do homem.
Qual é então, para os modernistas, o papel de Cristo na Revelação?
Na origem do Cristianismo há, para os modernistas, a experiência religiosa de Jesus Cristo (cuja divindade é, claro, posta de lado). Cristo partilhou suas experiências com os outros, que as viveram eles mesmos e comunicaram-nas ao seu redor. A Igreja nasceu dessa necessidade dos fiéis de comunicar a outros suas experiências religiosas e de formar uma comunidade. A Igreja não é então uma instituição divina; é somente – como os Sacramentos, o Papado e os dogmas – o resultado das necessidades religiosas dos crentes.
Não é verdade que o homem tem naturalmente um sentimento religioso?
O sentimento religioso natural deve ser cuidadosamente distinto da Fé sobrenatural do católico. Há certamente, no coração do homem, uma necessidade de Deus; mas que permanece um sentimento muito obscuro se Deus não intervém para Se revelar ao homem.
Além do mais, como tudo o que é natural em nós, o sentimento religioso está ferido pelo pecado original: pode facilmente levar ao erro e mesmo ao pecado (superstição, idolatria, etc.).
A Fé não está, porém, ligada ao sentimento religioso?
É exato que um sentimento de segurança e de bem-estar está ligado à Fé; mas aí não está a essência da Fé. Esse sentimento, como todos os outros sentimentos, é cambiante e será ora mais fraco; ora mais forte; pode mesmo desaparecer completamente durante algum tempo.
Grandes santos, como Vicente de Paulo, ou Tereza do Menino Jesus, foram, às vezes, privados desta certeza sensível; sem, no entanto, tornarem-se hesitantes em sua convicção sobre a verdade e a certeza da Fé.
Onde se pode encontrar, sobre este ponto, o ensinamento certo da Igreja?
No juramento anti-modernista imposto por São Pio X, e que todos os padres deviam pronunciar antes de sua ordenação (até 1967), está dito:
“Tomo em toda certeza e professo sinceramente que a Fé não é um sentimento religioso cego surgido das profundezas tenebrosas da subconsciência sob a pressão do coração e o impulso da vontade moralmente informada; mas sim que ela é um verdadeiro assentimento da inteligência à verdade recebida de fora, ex auditu [20]; assentimento pelo qual cremos verdadeiro, por causa da autoridade de Deus, soberanamente verídica, tudo o que foi dito, atestado e revelado pelo Deus pessoal, nosso Criador e nosso Mestre” [21]
Notas:
[20] Ex auditu: pela audição. “Fides ex auditu” (Rm 10,17)
[21] DS 3542.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da ilustração:
Por guardar a fé neste imenso Mistério desde o início, a Igreja sempre observou um respeito total para com o Santíssimo Sacramento, e sempre será assim, até o fim do mundo. O cânon 898 do Código de Direito Canônico (CDC) prescreve:
"Os fiéis tenham em suma honra a Santíssima Eucaristia, participando ativamente na Celebração do Augustíssimo Sacrifício, recebendo com grande devoção e com frequência este Sacramento, e prestando-lhe a máxima adoração; os pastores de almas, ao explanarem a doutrina sobre este Sacramento, instruam diligentemente os fiéis acerca desta obrigação."
Os Padres do Concílio de Trento definiram o Santíssimo Sacramento com precisão e máximo cuidado, e Santo Tomás de Aquino ensinou que, pelo grande respeito que este Sacramento requer, tocar n’Ele compete apenas ao Sacerdote. Por isso mesmo, nas palavras do Doutor Angélico, o Santíssimo não deve ser tocado por "nada que não seja consagrado" (Suma Teológica, III, q.82, art. 3).
Pelo mesmo motivo, o Corporal e o Cálice são consagrados, e igualmente as mãos do sacerdote, para que possam tocar o Corpo do Senhor.
Algumas pessoas não sabem, mas a orientação da Igreja, ainda hoje, é que a Comunhão seja recebida diretamente na língua e de joelhos, salvo casos especiais, que não são a regra, mas exceção.
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